Conheça a autora da marcha mais famosa do Carnaval pernambucano
Joanna Baptista
As vassourinhas de
POR: Victor Lacerda
Com certeza você já deve ter ouvido em algum momento da sua vida o Frevo Vassourinhas, praticamente um hino do carnaval. Mas você já se perguntou quem está por trás de sua produção?
fotografia: marc ferrez
A autora da composição, criada em 6 de janeiro de 1909, que virou a mais popular do carnaval do estado de Pernambuco, é uma mulher negra e se chama Joanna Baptista Ramos.
imagem: Reprodução
Ao lado do músico Mathias da Rocha, Joanna pôde, mesmo sem saber, romper com o protagonismo masculino da cultura de sua época quando compôs a primeira marcha, em um mocambo do Porto da Madeira.
imagem: Reprodução
Originalmente, a música tinha letra, mas o seu instrumental envolvente acabou se sobressaindo e se tornando o ritmo mais ouvido e dançado durante a festa de momo.
FOTO: A partitura de 'Marcha Número 1 do Vassourinhas' - folha de são paulo
O pouco que se encontrou dos registros da história da música, Joanna havia assinado um documento de registro da canção, descoberto pelo folclorista e pesquisador Evandro Rabello.
FOTO: Acervo de Germano Rabello
Um ano após o registro, a música foi vendida por “três mil réis” para o Clube Carnavalesco Vassourinhas de Olinda”. Só 35 anos depois, a primeira gravação em estúdio foi feita, na voz de Déo e Castro Barbosa.
FOTO: Recibo de venda por dos direitos autorais da música - Folha de São Paulo
A música anteriormente era tocada como a canção que representava a volta do bloco à sua sede, conhecida como a “marcha de regresso”. Mas uma versão foi feita para anunciar um recomeço.
FOTO: O povo dançando frevo em Recife (PE) em 1947. Fotografia de Pierre Verger
Assim, quando os foliões estavam cansados, os sons dos trompetes anunciavam o recomeço, uma forma de recarregar as energias para o carnaval não acabar por ali e a festa continuar por mais tempo.
FOTO: Reprodução - Deputado Eliomar
Entrelaçada à história da marcha, ainda se sabe que Joanna faleceu no ano de 1952, aos 74 anos, e trabalhava com serviços domésticos. Teve dois filhos, Júlio e Albertina, com Amaro Vieira Ramos.
FOTO: Reprodução
O pouco de informação que se tem de Joana foram levantadas pela produtora cultural Tactiana Braga e os jornalistas Camerino Neto e Maíra Brandão, que pretendem contar a sua história em um filme.
FOTO: folha de são paulo
A partir desta produção e da inquietude dos pesquisadores, parte das gerações seguintes da linhagem de Joanna puderam não só se encontrar, como conhecer mais de sua história.
FOTO: Descendentes de Joana Batista - léo malafaia folha de pernambuco
Uma das contempladas foi a bisneta de Joanna, a auxiliar de serviços gerais, Amara Cristina, também conhecida como “Cris”. Aos 47 anos, Cris relata que o contato do seu pai com a avó foram de poucos momentos
FOTO: Créditos: Teaser do documentário Joana: se essa marcha fosse minha
Para Cris, o conhecimento sobre a história da sua avó é sinônimo de orgulho e honra para a história do carnaval e a do movimento de mulheres que atuaram ativamente na cultura do estado.
FOTO: Governo de Pernambuco
“Por ela ser uma mulher negra, trabalhadora, lavadeira, a única mulher a se envolver em um meio que não tinha mulher, para mim, é um exemplo; exemplo de muita força, muita garra”
vídeo: Teaser do documentário Joana: se essa marcha fosse minha - Amara Cristina, bisneta
DESIGN
IMAGENS
TEXTOS
Camila RibeiroFolha de São Paulo/ Acervo de Germano Rabello/ Folha de Pernambuco/ Documentário "Joana: se essa marcha fosse minha/ Governo de Pernambuco Victor Lacerda