Como a TV aberta nos anos 70 e 80 contribuiu para o racismo recreativo
E O RACISMO ESTRUTURAL
Humor
texto original: Juca guimarãesPOR: Giovanne ramos
Durante décadas, a TV aberta no Brasil, com os seus programas de humor, podem ter contribuído para a desvalorização de pessoas negras com as suas representações.
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A carga de estereótipos negativos associados à negritude gerou reflexo na sociedade, incentivando o racismo recreativo e um projeto de desqualificação das pessoas negras.
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O racismo recreativo é um termo cunhado pelo doutor em Direito Adilson Moreira e refere-se ao humor tido como inofensivo, mas que associa características de pessoas negras e indígenas como algo inferior.
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Um exemplo é a figura de Mussum. Antes de ser convidado para fazer parte d’Os Trapalhões, Antônio Carlos Bernardes já era famoso como integrante do grupo Os Originais do Samba.
imagem: Sony Music
Além disso, o sambista era reconhecido pelo seu talento como ritmista, compositor, cantor e em especial o seu carisma para entreter a plateia.
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O programa se tornou um sucesso nacional, mas era marcante o conteúdo racista e os reforços de estereótipos degradantes que o roteiro vinculava ao personagem Mussum.
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Segundo o pesquisador Juliano Barreto, biógrafo de Mussum, ele não aceitava o racismo e, em diversas situações, se aproveitava do roteiro para retrucar os ataques raciais.
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O nome Mussum era um apelido com cunho racial, que ele não gostava, dado pelo ator Grande Otelo. Mussum é um peixe longilíneo de brejo de cor muito escura que era usado como isca para pesca.
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A resistência de Mussum, personagem, em não aceitar que o racismo saísse com vantagem foi percebida pelo humorista Helio de La Peña, humorista negro de uma geração mais recente.
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“Ele era o cara sagaz, esperto, que sempre dava uma volta no Didi e no Dedé. O que me chamava atenção era quando ele saía por cima. E mesmo quando tinha uma piada racista, ele dava o troco no ato”
- Helio de La Peña, humorista do grupo Casseta e Planeta.
Marina Caminha, doutora em Comunicação Social e pesquisadora sobre humor e audiovisual brasileiro, afirma que é preciso entender que o humor é um lugar de potência.
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O humor é parte constituinte de um projeto de poder, já que ele se apresenta em todos os lugares, atravessa o cotidiano das pessoas, inclusive as mídias e a política.
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- Marina caminha
“Quantos políticos usam a performance do humor para criar um certo lugar de carisma em relação ao público e assim sucessivamente?”
Com a modernidade, a ideia do humor vai sendo construída como algo desimportante, sem seriedade, quando na verdade, dentro das culturas populares, sempre teve um viés ideológico.
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O humor é um território em disputa onde há espaço para a luta antirracista. Já nos anos 1990 a mudança na perspectiva de condenação do racismo foi significativa.
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Parte desta conquista se dá pela participação de humoristas negros na criação dos roteiros e das piadas e cada vez mais tinham domínio sobre os roteiros em que atuavam.
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Vinícius de AraujoGlobo/ Globo Filmes/ Rede Tv/ Sony Music/ Jornal O Povo Giovanne Ramos Juca Guimarães